sexta-feira, 16 de julho de 2010

EDUCAÇÃO COM BASE NAS CONSIDERAÇÕES DE FOUCAULT

Caro leitor, hoje vamos refletir sobre a educação nos tempos modernos, tomando como base as considerações do filósofo francês Michel Foucault, que por meio de uma análise histórica inovadora revelou as atitudes de vigilância e adestramento do corpo e da mente presente nas instituições educacionais. Foi este pensador e crítico do século XX quem pela primeira vez mostrou que, antes de reproduzir conhecimentos, a escola moderna produziu, e continua produzindo, um determinado tipo de sociedade. Problematizando o conceito de homem no qual se sustentam as ciências naturais e humanas desde o Iluminismo, o filósofo francês observou a existência de um discurso em que coexistem o papel de objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de aprender o mundo e modificá-lo.



Seguindo nas reflexões de Foucault, começamos a perceber que o conceito que define modernidade é a "disciplina", ou seja, um instrumento de dominação e subordinação, um verdadeiro controle destinado a domesticar os comportamentos divergentes. Esse controle do comportamento se manifesta de forma mais aguda nos estabelecimentos escolares, onde se fazem presente os mecanismos de controle e de punição. Esses mecanismos de controle passam a ter o poder de manejar o espaço, o tempo e o registro de informações


Nessa perspectiva, a escola, a exemplo do hospital, da prisão e do quartel, passa a ser um instrumento que retira o indivíduo do espaço familiar e começa a moldá-lo, durante um longo período, por meio de seu comportamento e sua conduta, bem como as concepções sobre o mundo. Surge com isso a expressão foucaultiana "corpos dóceis", fazendo referência a docilização dos corpos, ou seja, as pessoas não reagem diante das situações de opressão e dominação. A educação do século XX foi marcada pelas escolas de cunho militar e religiosas, que buscavam como objetivo, além do processo de ensino e aprendizagem, a educação nos moldes tradicionais, que primavam pela formação do pensamento e do comportamento de alunos e alunas nos mais rígidos padrões da época.


Os projetos políticos pedagógicos das escolas eram fortemente marcados pelo currículo oculto, que tratava de padronizar o pensar e o agir dos estudantes dessa época de maneira a não se oporem a ordem socialmente estabelecida. O espaço escolar passa com isso a ser um instrumento de dominação e subordinação, onde as elites reforçavam a estratificação social e o lugar social das camadas menos favorecidas. Foucault explica ainda que o poder e a dominação não são oriundos de uma única fonte, como as classes dominante, mas que são exercidos em diferentes direções, que ele vai chamar de microfísica do poder. Entender essas concepções é importante na educação porque servem de instrumentos de entendimento do discurso pedagógico, de crítica às concepções messiânicas da educação e da escola como um espaço de adestramento físico e intelectual.

Nenhum comentário: